Introdução

Aos Pais e Educadores

Há uns três anos iniciei, na área da psicanálise, a pesquisa para um livro que intitulei de “O Crime do Pai”, a respeito do crime das autoridades. Uma das conclusões a que tenho chegado é que a criança precisa ser educada não apenas formal, mas moralmente, para se tornar uma verdadeira cidadã. Após este pensamento surgir coloquei mãos à obra, não apenas para terminar o livro acima citado, mas para realizar algo que ajudasse na intervenção educacional a partir de uma postura ética para nossos dias.

Este livrinho é, portanto, uma ajuda à criança. Creio que as de dez anos em diante já terão condições de entender bem e discutir os assuntos aqui propostos.

Meu desejo maior é que não apenas os garotos e garotas leiam, mas que seus pais e educadores também o façam com eles e que os incentivem a comentar.

Rogério Lacaz-Ruiz[i] faz propostas para uso de provérbios em sala de aula como atividade complementar e sugere estes temas para início: disciplina, compaixão, responsabilidade, amizade, trabalho, coragem, perseverança, honestidade, lealdade e fé. Alguns deles, pois, são assuntos tratados nas histórias que seguem.
[i] http://www.usp.br/fzea/zab/proposta.htm

1 - O Anjo da Garrafa

Era uma vez no Brasil, pouco tempo depois de ser descoberto, uma época em que a desonestidade reinava absoluta. E para aqui tinham vindo ladrões deportados, criminosos aventureiros e os mais honestos, ou que aparentavam ser, vieram em nome do Rei ou de empresas para buscarem fortunas em ouro e outras riquezas; mas eram egoístas ao extremo.

Como se não bastasse, muitos eram escravos. Havia, é claro, os escravos de si mesmos, os escravos do pecado, os escravos sociais e culturais. Mas desejo falar de outra escravidão, que junta todos estes tipos e vai além; tira tudo, até a liberdade física e de ir e vir, acrescentando a violência, o trabalho forçado e cositas mas. Assim eram os negros escravizados. Os que escapavam
de morrerem nas viagens nos navios negreiros aqui já chegavam revoltados e seus sofrimentos eram incalculáveis.

Antes, até os índios foram ludibriados, enganados, massacrados e escravizados. Também tiveram de se revoltar. As tribos que conseguiam fugir para bem longe levavam as histórias de que os homens brancos eram desonestos e muito maus. Outras acabaram ficando mais próximas e seus membros aprenderam a ser tão mesquinhos e maus como os homens brancos, acrescentando à já existente maldade de cada um em sua cultura.

O Brasil era, além disto, a terra da promissão de libertinagem, onde tudo se podia fazer e mais um pouco. Até hoje muita gente, principalmente os especiais políticos corruptos e os bandidos comuns, pensam que estão naquele Brasil. Os homens vinham em verdadeiras aventuras e por causa disto não traziam suas esposas, nem os filhos. Aqui viviam como se não tivessem família ou criavam falsas famílias para si.

Papai do Céu estava muito triste e resolveu enviar um anjo para fazer uma busca, não para Ele mesmo, pois, sendo Deus, conhece os corações, mas para que as pessoas aprendessem um pouco mais. O anjo deveria buscar um homem honesto de verdade.

O anjo enviado é muito cheio de humor. Ele pensou e resolveu entrar dentro de uma garrafa, como se fosse um gênio dos contos de fadas e prometeu que sempre voltaria para a garrafa até





que encontrasse um homem verdadeiramente honesto.

Por muitos séculos existem histórias de homens que acharam uma garrafa na beira da praia e ficaram estupefatos quando viram, lá dentro, um anjo preso. As histórias contam casos diferentes em muitos detalhes, mas sempre têm algo em comum:

Quando a rolha é retirada o anjo aparece, fala que veio de Deus e que tem muito poder dado por Deus e que a pessoa tem o direito de fazer um único pedido.

Todos os pedidos, dizem por aí, sempre foram egoístas, por riquezas e para si mesmos. Até hoje não encontrou o anjo alguém que pedisse algo que não revelasse ganância e continua cumprindo sua promessa de morar na garrafa.

Devemos estar preparados, todas as vezes que formos à praia: será nossa vez de encontrar a garrafa luminosa com o anjo dentro?


Melhor é o pouco, havendo justiça, do que grandes rendimentos com injustiça.[i]
[i] Provérbios 16:8

2 - O Mensalão e o Anjo

Contarei sobre uma segunda pesquisa que faz de contas que um anjo fez.

O papai de Biinho estava ensinando a ele que Papai do Céu quer que todos nós sejamos honestos de verdade. Ele logo se saiu com esta:

-Papai, porque tantos deputados recebiam o Mensalão? Eles sempre foram ladrões?


Então para que ele entendesse bem isto papai contou uma história:

Era uma vez no Brasil cem crianças que nasceram mais ou menos na mesma data. Elas todas foram criadas e ensinadas para passarem a perna nos outros, que em roubar pequenas coisas não tinha problema. Muitas destas crianças nunca ouviram isto, mas viam as pequenas mentiras que seus pais contavam e as pequenas desonestidades.

Uma delas, quando cresceu, foi ser funcionário público, e trabalhava num presídio. Ele dizia que o Brasil era injusto com ele, pois achava que ganhava muito pouco. Lembrou que seu pai levava objetos da empresa que trabalhava por causa disto mesmo. Então os presos desejavam drogas e outras coisas e este brasileiro número um arranjava para eles e recebia um dinheirinho extra. Ele pensava: “Afinal de contas, todos fazem destas coisas, eu que ficaria no prejú?”.

Tinha o brasileiro número dois, ele foi ser médico. Então o hospital onde trabalhava pagava muito pouco pelas cirurgias. Como seu pai ensinou a ele tratou de dar um jeito. Resolveu cobrar dos doentes uma quantia a mais, porém tinha de ser escondido, pois era errado. Assim o doutor ficou com mais dinheiro.

Já o brasileiro número três desejou ser policial. Nossa, mas também como ganhava pouco. Ele logo pensou que o Brasil tinha a culpa de tudo isto, pois sempre assim aprendeu. Então ele parava os carros no trânsito e cobrava uma quantia para não multar os motoristas, fazendo tudo escondidinho, pois poderia perder o emprego por cometer este crime. Ele até comprou uma casa depois com este dinheiro.



O brasileiro número quatro se tornou político e até chegou a ser deputado. Ele ajudava a roubar o dinheiro do Brasil e colocava nos bancos fora do país. Ficou muito mais rico do que todos já citados. Ele nunca se preocupava muito e dizia a todo mundo que deputado não pode ser preso e processado como os outros brasileiros comuns.

Muito bem, dos cem brasileiros que nasceram quase na mesma data, ainda temos noventa e seis que aparentemente eram honestos.

Estes cresceram, estudaram e diziam ser muito honestos. Eles ouviram falar do funcionário público ladrão, do médico ladrão, do policial ladrão e do deputado ladrão e sempre ficavam horrorizados com tanta desonestidade.

Então Deus, que do Céu a tudo olhava, resolveu enviar um anjo (não aquele da garrafa, foi outro) para fazer uma pesquisa, não para Deus, que Ele tudo sabe, mas para que os outros homens aprendessem. O anjo deveria descobrir qual a porcentagem dos de fato honestos.

Então o anjo colocou na frente de cada um dos 96, em momentos diferentes, uma carteira que alguém perdera, com o nome do dono e endereço e com pouco dinheiro. Destes 96, 80 pegaram o dinheiro; alguns devolveram a carteira sem dizer quem eram, mas ficaram com o dinheiro. Somente 16 devolveram a carteira com tudo, inclusive o dinheiro.

Mas o anjo continuou a pesquisa. Ele então colocou um pacote de vinte mil dólares na frente de cada um dos 16 “honestos”, em um aeroporto, pois lembrara da história de um brasileiro que devolvera o dinheiro.

Puxa, dos 16, somente um devolveu o dinheiro, a tentação foi grande demais para os que se achavam honestos. O que devolveu era um bom cristão de fato, sendo temente a Deus, como dizem, era um católico praticante.

Então papai explicou a Biinho:

Muitos dos deputados foram honestos enquanto a tentação era pequena. Mas quando eles podiam receber milhões, aí a tentação foi muito grande e somente poucos conseguiram resistir.

Existem duas formas de não se cair em tão grandes armadilhas: primeiramente criando dificuldades para que estas armadilhas não existam, através das leis. Em segundo lugar educando a criança para ter um bom caráter, de verdade.

Na verdade, Biinho, poucos há que passem neste teste. Vamos orar a Deus que nossos amiguinhos sejam criados diferentemente e resistam, até a ponto de morrerem pela verdade e pela honestidade, se assim for necessário.


"Os que acreditam que com dinheiro tudo se pode fazer, estão indubitavelmente dispostos a fazer tudo por dinheiro."[i]
[i] Beauchène

3 - O Politiqueiro

Era uma vez no Brasil, lá pelas terras da Bahia, um homem que era muito amado por todos de sua cidadezinha. Ele desejava muito se candidatar a vereador.

Estava sempre alegre e sorridente e a todos elogiava, mas era muito mentiroso.

Ele foi colocado para ser empregado da prefeitura.

Um dia roubou muito dinheiro da prefeitura e foi a julgamento. Os jurados eram pessoas da cidade e todos tinham sido elogiados ou ajudados pelo politiqueiro. Até o juiz, o promotor e todos dali.

Até o promotor falou que ele era um bom homem, o advogado também.Todos os jurados viram que ele era um bom homem mesmo, pois sempre era muito bom e alegre com todos e votaram a favor de sua inocência.



Depois disto ele foi eleito vereador, prefeito e até deputado, sempre roubando e sempre alegre e amigo de todos.

É como diz o ditado:

“As aparências enganam”.

Nossa, como enganam!!

4 - A Oração dos Brasileiros

O Brasil até perto do ano 2000 sempre foi repleto de políticos e empresários ladrões e falsários. Só que os grandes mesmo, ninguém conseguia pegar. Somente os mais pobres é que ficavam presos.

Mas o Brasil começou a orar muito e pedir a Deus. Os católicos sinceros e verdadeiros rezavam muito pelo Brasil. Os evangélicos também.

Então Deus ouviu a oração e começou a fazer uma limpeza no Brasil.

O presidente Collor pregava contra os corruptos, mas seu melhor companheiro era um grande corrupto, o tal do PC Farias, que foi procurado pelas polícias do mundo quase todo, e sua vida era fugir! Acabou sendo assassinado. Mas Collor, sendo considerado ineficiente em seu cargo, foi impedido e teve de deixar de ser presidente.

Depois chegou a vez de um juiz. Nossa, até juiz pode ser preso? Claro. Este era tão ladrão que ganhou o nome de Juiz Lalau. Tá na cadeia.

Passando mais um pouco, no governo de Lula, como presidente do Brasil, Deus permitiu que se revelasse a maior rede de corrupção e roubalheira que se teve notícia no Brasil e muitos deputados foram acusados e castigados.

Deus responde orações, você pode ser mais um a orar pelo Brasil.


ADMOESTO-TE, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens;

Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade;[i]
[i] I Timóteo 2:1,2

5 - É Lampi, é Lampi, é Lampião...

Era uma vez, no Nordeste do Brasil, uma família “x” que vivia no sertão, debaixo de um sol sempre causticante e enfrentando as secas de todos os anos.

Além do pai, mãe e muitos irmãos já adultos, existia um menino de cinco anos.

Todos contavam histórias de Lampião, o rei do Cangaço. O menino gostava muito de Lampião. Achava que Lampião era um herói que lutava contra a injustiça, contra os “macacos”, os maus soldados.

Um dia, porém, Lampião chegou lá com muitos de seus cangaceiros e pediu ao pai do menino “x” que arranjasse comida. Mas, como diria o Didi, não tinha nadica de nada, a não ser um pouquinho de feijão.

Lampião olhou e viu que não daria para quase ninguém. Ele ficou com muita raiva e matou toda a família.

Quer dizer, quase toda. O menino “x” estava escondido e escapou. Quando foram embora ele entendeu que cangaceiros não eram heróis e sim os piores bandidos que já existiram no sertão do Brasil. Porém não adiantou nada o sofrimento dos que morreram e dos que escaparam.

Quando se passaram os anos as crianças foram ensinadas de que Lampião era um tipo de Super Herói do Nordeste e até hoje perdura esta mentira, ajudando a formar, lá no mais recôndito da alma, o mau caráter dos nossos contemporâneos brasileiros, que confundem a entrega à corrupção com a luta pela sobrevivência.


“Não tenhas inveja do homem violento, nem escolhas nenhum dos seus caminhos.[i]
[i] Provérbios 3:31

6 - Os Contadores de Histórias

Existia de verdade no Brasil, mais precisamente na serra de Ororubá, muito tempo antes de Cabral chegar ao Brasil, uma aldeia de índios Xucuru. Todas as noites os mais velhos contavam histórias para os mais novos e assim a tradição perpetuava-se. Mas um dia pessoas vindas de bem longe começaram a contar histórias diferentemente deles e no meio das histórias defendiam interesses escusos, para obterem a terra dos índios. Desde este dia os Xucuru esqueceram muitas de suas antigas histórias e até mesmo esqueceram como se fala a língua. Hoje o povo indígena conseguiu tomar suas terras de volta e moram na serra. Mas não conseguem lembrar sua língua e nem sabem quase nada de suas histórias antigas.

Hoje, no Brasil acontece isto ainda. Outros contadores de histórias entram em nossas casas e ensinam a nossos filhos palavrões (outra linguagem), coisas erradas e ficam repetindo tudo que desejam vender, para que nós obedeçamos a eles e gastemos todo nosso dinheiro. Nós temos perdido nossas terras, isto é, nossos lares.

Hoje os pais esqueceram as antigas histórias e os canais de TV tomaram o lugar. Que pena e que prejuízos!

7 - João Garimpeiro

Faz de conta que existia um anjo que tinha como missão, dada por Deus, de dar muitas riquezas a quem provasse ter muita força de vontade.

João era um garimpeiro que trabalhava em Serra Pelada, no Pará. Ele desejava muito arranjar uma pepita de ouro que pudesse dar riquezas a ele.

Um dia João desceu num buracão muuuuito fundo e foi cavar mais a terra; depois de colocar a terra num saco e colocar o saco nas costas, segurado por uma corda amarrada em volta de sua cabeça, João subiria centenas de metros em uma escada e levaria a terra para ser lavada e ver se tinha ouro.

Mas antes de subir, lá no fundão, apareceu um anjo celestial, muito cheio de luz e disse:


-Escolhi você para ganhar grandes riquezas na terra; mas dependerá sempre de uma coisa: você não poderá se apossar da pepita de ouro. O dia que fizer isto ficará pobre de novo.

João Garimpeiro não entendeu direito, pois não via pepita de ouro alguma. O anjo desapareceu e João pensou que tinha sido uma “visagem” por causa de seu cansaço.

Quando João foi lavar a terra, que surpresa! Uma grande pepita, do tamanho de uma mão fechada de criança!

- Estou rico, estou rico! - gritava João.

Mas aí ele se lembrou do anjo e chegou à conclusão que deveria ser verdade mesmo que viera de Deus. Seria melhor obedecer então. João escolheu um lugar bem bonito, ao pé de uma castanheira bem grande e enterrou a pepita de ouro.

Mas, passadas algumas horas, já pensava em desenterrar. Com grande luta deixou a pepita lá debaixo da terra. Quando ia andando triste achou um pacote de dinheiro no chão. Depois de algum tempo viu que ninguém reclamara e concluiu que era presente de Deus, através do anjo.

João comprou toda aquela fazenda, onde estava a castanheira e cada dia ficava mais rico.

Por mais de duzentas vezes, em 10 anos, João foi até aquela castanheira e começou a cavar para reaver a pepita e ficava com medo de perder tudo e deixava lá.

Um dia, dez anos depois, João estava pensando, lá nas Arábias, que era dono de muitos poços de petróleo, de uma cidade inteirinha que construíra, de muitas fazendas e até de uma plataforma espacial e muitos satélites em órbita ao redor do mundo. João então se tornara o homem mais rico do mundo. Mas ele pensava na pepita de ouro e achou que, depois de tanto tempo, na verdade aquele anjo nem existira, deveria ser tudo bobagem de sua mente e corpo cansados naquele dia quando ele era apenas um garimpeiro que não achava nada.

Encheu-se de coragem e entrou em seu avião a jato e pediu para aterrissarem na primeira fazenda, a da castanheira.

João não agüentou de tanta tentação, foi correndo, pegou um enxadão, cavou e descobriu a pepita. Tomou-a nas mãos e disse:

-Ah! Agora, sim, sou o homem mais feliz do mundo.

Naquele instante apareceu o anjo e disse:

-Você é o homem mais pobre do mundo e com certeza será um dos menos felizes, porque além de perder toda a riqueza não sobrou nem dignidade em você, pois não conseguiu ter domínio próprio. E Deus me autorizou a fazer rico alguém que tivesse domínio. Por 201 vezes você tentou retirar a pepita e nesta última vez o fez.

Naquele instante João recebeu a notícia que tivera um prejuízo muito grande em uma de suas empresas, de tal forma que suas riquezas estavam sendo confiscadas; começou a receber notícia que tinha perdido isto, aquilo, aquilo outro, até perder, por fim, a fazenda onde morava.

Foi colocado para fora com a pepita na mão. Chegando à cidade, foi até o comprador de ouro e ouviu a condenação final:

-Seu João Garimpeiro, esta pepita não é de ouro, é falsa!

Aí João Garimpeiro pegou o saco de colocar terra e foi garimpar, pobrezinho de tudo.


Ele havia aprendido a lição:

“Mesmo que um indivíduo domine o mundo, ele não terá valor algum, se não for capaz de dominar a si mesmo”.[1]
[1] Idem

8 - O Teiú e a Cobra

No sertão da Bahia existia uma família de Teiús muito lindinha. Uma teiuzinha se chamava Tetéia Teiú e seu irmão acabou ficando com o apelido de Teiú Medroso, porque vivia correndo de tudo que por lá aparecia.

Depois de uma pedreira havia uma toca onde morava uma família de cascavéis. E não é que um dia Teiú Medroso se encontrou, no meio da pedreira, com um filhote de cascavel? Teiú Medroso resolveu se esconder, correr, mas escorregou muito na pedra e acabou encurralado e lá vieram mais três filhotes de cobras e Teiú achava que teria de lutar. Mas ele se lembrou de que aprendeu a perdoar e a não se meter em confusão e em violência. E agora, como fazer? As cobrinhas foram e atacaram Teiú Medroso de tal forma que ele não teve escolha, pois, por mais que quisesse conversar e resolver no diálogo, não






conseguia e achou que iria ficar muito machucado se não se defendesse.

Teiú tinha um instinto de luta, principalmente contra cobras. Ele nem acreditava no que descobriu de que seria capaz. Teve, na verdade, uma bela de surpresa, seus golpes eram tão rápidos e certeiros, fazia tantos truques de luta e colocou as cobrinhas safadinhas para correrem.

Elas disseram:

-Espera que vamos chamar nosso pai.

Teiú Medroso nem sabe porque, mas esperou. Sentia mais coragem. Ele descobriu habilidades que nem imaginava possuir. Como foi bom passar por tal problema; agora sabia que podia enfrentar e vencer.

Seu Cascavelho – assim era o nome da cobra – chegou e era uma baita duma cobrona. Balançou o chocalho e deu logo o bote.

Mas Teiú Medroso, apesar de ser novo ainda, se defendeu bem e até mesmo segurou a cobra pelo pescoço que ficou lá pedindo socorro. Teiú deixou-a ir embora e nunca mais foi molestado.

E seu nome mudou; agora todos o chamam de Teiú Corajoso.

“A capacidade de luta que há em você precisa das adversidades para revelar-se[1]".
“Coragem é quando se domina o medo, e não quando se tem ausência dele.”[i]
[1] Idem
[i] Autor desconhecido

9 - O Xico Otimista

Era uma vez no Brasil, no interior de Minas Gerais, um homem que morava na beira da estrada que cortava uma grande fazenda, mas ele era pobre e não tinha nenhum pedacinho de terra para plantar nem nada.

Um dia deu uma chuva grande e derrubou o barraco dele, então passou o fazendeiro, seu Fred, e disse:
-Puxa, Xico, como vc vai fazer? Aposto que vai embora para a cidade grande morar debaixo de uma ponte – e não deu nenhuma ajuda.
-Nada disto – respondeu Xico – se Deus quiser, eu vou construir minha casa de novo, pois não há mal que não venha para bem de quem acredita em Deus.
O fazendeiro então disse a ele que não podia tirar terra de sua fazenda. Como Xico morava na beira da estrada e viu que tinha uns barrancos caindo e


atrapalhando o povo de passar, então cavou e consertou a estrada e com a terra consertou sua casa, que era de pau a pique.

Aí o prefeito passou na estrada e viu que os barrancos tinham sido consertados e soube que foi Xico quem fizera aquilo. Foi lá e deu a Xico um pouco de dinheiro e ele então pode comprar comida para sua família.

Outro dia um raio caiu numa árvore e atrapalhou a estrada. Mas uma parte da árvore caiu em cima da casa de Xico. O fazendeiro passou por lá e disse:

- Eita Xico, desta vez vc vai ter de mudar, veja que estrago. E vc não pode jogar madeira para dentro de minhas terras, viu? Acho melhor vc ir para debaixo da ponte lá na cidade, já que o prefeito é seu amigo.

- Nada disto, o que, o que, o que! –respondeu Xico – Com a graça de Deus vou consertar tudo, pois não há mal que não venha para bem de quem acredita em Deus.

Então Xico pegou o machado e cortou a árvore. De alguns galhos ele consertou a casa que era de pau a pique e fez ainda um quarto bem grande para guardar coisas e um cercado, tudo na beira da estrada, para criar um porquinho. O prefeito passou lá e viu que até o mata-burro Xico tinha consertado com um pedaço de galho da árvore. Então o prefeito foi lá e deu mais um dinheirinho pra Xico que comprou uma porquinha prenha.

Outro dia tornou a acontecer algo. Um caminhão quebrou o freio e bateu na casa de Xico. Mas não tinha ninguém na casa naquela hora. Ao bater a carga de milho caiu toda na estrada e misturou o milho, em grãos, com a terra.

O fazendeiro ficou sabendo e foi lá ver. Aí falou a Xico:

-Eita Xico, desta vez derrubou sua sala. Agora vc vai ter de mudar mesmo.

-Nadica de nada, o que, o que, o que!! – respondeu Xico – eu vou ver o que posso fazer para ajudar este pessoal e depois conserto minha casa de alguma maneira, pois não há mal que não venha para bem de quem acredita em Deus.


Então chegou o dono da transportadora e pediu desculpas a Xico. Ele falou que iria consertar a casa de Xico e que ele ainda podia ficar com o milho porque estava todo misturado com a terra. Xico guardou o milho que encheu até o teto e ele ia lavando o milho e dando para a porquinha. Aí nasceram dez porquinhos que foram bem alimentados até crescerem bem.

Com todas as boas ações que Xico fazia ele ganhava um dinheirinho de quem era bonzinho também. E estava chegando a hora de vender os dez porcos e ganhar um bom dinheiro. Aí sabe o que aconteceu? O Banco do Brasil mandou um gerente na fazenda daquele homem mau e tomou tudo dele, porque ele teve prejuízos nas plantações e o gado havia morrido por causa de doenças. Então a fazenda foi leiloada. Por ser muito grande foi dividida em pequenos pedaços para vender e dar mais lucro ao banco. Xico passou na porta da fazenda e conversou com o fazendeiro.

-Xico, agora fiquei tão pobre como você. Veja que coisa triste!!
-Nadica, o que, o que, o que, seu Fred! Pois não há mal que não venha para bem de quem acredita em Deus.

Mas o fazendeiro não foi ajudado porque ele mesmo não acreditava em Deus; é bem provável que Deus quisesse dar a ele uma lição.

Seu Fred disse para Xico:

-Olha aí Xico, eu não fui ajudado. Ta vendo que não serviu o que vc disse?

Xico respondeu:

-Nadica, o que, o que, o que!! Serviu sim, esse mal que veio para o senhor, seu Fred, serviu para o meu bem, desculpe aí!!

Então o fazendeiro ficou sabendo que com o dinheiro dos porcos e mais o que havia ajuntado, Xico comprou uma das partes da fazenda, mesmo que tivesse ainda prestações a pagar ao banco. Em pouco tempo estava muito rico, pois era muito trabalhador, e o fazendeiro, coitado, teve de ir morar debaixo da ponte!!

Mas depois de um tempo Xico entendeu que achava que Deus desejava usá-lo; então foi lá e pegou o fazendeiro e deu um emprego para ele e deixou até construir uma casinha na fazenda. Seu Fred ficou muito pensativo naquilo tudo e aprendeu a lição.

“Porque todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus”.[i]
[i] Romanos 8:28

10 - O Fulano do Elogio

Era uma vez, no interior de Pernambuco, lá no sertão seco de dá dó, uma família onde moravam o pai, a mãe e três filhos.

O filho mais velho era querido por todos porque em todo lugar que chegava ele sempre via algo bom para elogiar.

-Puxa, que linda roupa, Seu Zé! – mas o seu Zé mesmo era muito feio, mas não precisava dizer.
-Severina, vc pintou a casa de uma cor muito bonita! – Mas a casa era muito feia, mas não precisava dizer.

Havia um menino que se chamava Ronaldinho Fenômeno da Silva. Ele ficava triste porque não jogava bola direito, mas o rapaz do elogio o viu e disse:

-Ronaldinho, como vc consegue segurar a bola assim equilibrando? Puxa, vc é um bom equilibrista.

E este menino virou artista de circo.

Aquele rapaz, como não sabiam o nome dele direito, era chamado de Fulano do Elogio. E todos gostavam muito dele.

Um dia roubaram uma sanfona e o ladrão, fugindo da polícia, acabou por jogar a sanfona pela janela da casa de Fulano do Elogio. Ele não sabia de nada e achou que ganhara um presente.

Então aprendeu a tocar e seus irmãos também. Depois de algum tempo resolveu se apresentar numa festa e disse os nomes artísticos de todos do conjunto:

-eu sou Fulano, aquele ali é meu irmão Beltrano e o outro o Sicrano.

Todos riram muito e a festa foi boa. Eles tocaram muito bem, revezando a sanfona, outro com o triângulo e outro com a zabumba.

Fulano falou que aquela sanfona aparecera em sua casa e o dono resolveu buscar. Quando chegou em outra festa e viu os irmãos tocando resolveu dar de presente a eles porque eram boa gente e mereciam.

Todos gostavam de tê-los por perto porque só falavam coisas para alegrar as pessoas.

Aprendam esta lição, se deseja ver as pessoas felizes:


“Um elogio vale mais que mil palavras”.

11 - Désper

Era uma vez no nordeste do Brasil, um homem de nome Désper. Todos perguntavam a ele que nome estranho ele possuía e que significaria. Ele sempre gostava de responder que significava Desper-tamento, ele era despertado para ganhar na corrida contra o tempo, viver a vida de forma a produzir coisas boas, aceitar com humildade os problemas. Era um bom homem de fato, este tal de Désper. O maior defeito dele é que ouvira falar em maconha e tinha vontade de experimentar.

Ele dizia que nunca teria coragem de ficar viciado, ele queria só experimentar. Seus colegas diziam para ele que deixasse desta besteira. E Désper tinha outro problema: quando chegava em um momento de fazer uma pequena coisa que fosse errada, ele sempre pensava: a carne é fraca, e fazia. Ele estava treinando sua vida de tal forma que não poderia ter domínio, no futuro, de seus desejos.

Mas ele tinha uma vida deveras atribulada, vivia matando-cachorro-a-grito, era pobre e sonhava em ser um grande músico, dono de uma banda que tocasse baião para o mundo todo. Desde moço aprendeu a tocar sanfona na casa do vizinho, compusera algumas músicas, mas a fome-canina que sentia no estômago era mais forte que a da alma.

Então resolveu mudar para Recife. Quando chegou, olhou, de noite, o rio Capibaribe, com as luzes por todos os lados, as pontes iluminadas, as estrelas contrabalançando toda a beleza e ficou estupefato; Désper chorou.

Mas a vida ainda continuava de mal a pior; conseguiu um emprego de cavar buraco, mas passou mal, pois estava muito fraco e foi logo despedido; um dia foi até acusado de roubar, mas isto ele não fazia não, poderia até dar nó em pingo d´agua, mas roubar não. Ele teve de sumir no mangue e ficou desaparecido por uns tempos.

Um dia, na beira da 232, andando a pé sem lenço nem documento, sem rumo nem prumo, depara-se com um acidente: um carro havia descido um despenhadeiro e Désper correu para ajudar. Ele tirou o senhor desmaiado do carro e o arrastou e depois o carro pegou fogo.

Este homem era muito rico e logo tratou de agradecer; Désper se tornou como um filho para ele. O homem logo ficou sabendo das pretensões musicais do afilhado e lhe comprou todos os instrumentos, um galpão para a sede da banda, contratou os melhores músicos que achou e Désper logo ficou famoso com seus baiões.

Mas, de vez em quando surgiam pequenos problemas. É que Désper não conseguia mais se dominar quando ficava com raiva: xingava todo mundo. Ou quando tinha de ir trabalhar num dia chato, ficava em casa, sem coragem de ir; outras vezes bebia antes do show.

No entanto Désper tinha tudo que um dia sonhara. Certa noite, após uma festa onde tocou e agradou, depois de todos saírem, Désper ficou lá numa mesa, sozinho, sentado, pensando em como tinha sido agraciado por Deus. De repente ele olha e vê um pacotinho caído num canto. Abre e tem alguns papelotes de maconha. Não resiste, agora teria de experimentar. Quando põe um na boca chega a polícia e o prende com a mão na massa, quer dizer, com a boca na massa. Seu padrinho fica triste, seus fãs ficam tristes, Désper fica triste.

O policial achou que o pacote era dele mesmo, mas alguém devia ter jogado para fugir. Foi acusado de tráfico e não teve jeito de se livrar da acusação. Acabou sendo condenado.

Lá na cadeia ele olha para sua vida e diz: “Agora sei meu nome, o que ele realmente significa: É Désper de Desperdício. Ai, ai, minha vida agora está desperdiçada só por causa de dois passos para pegar aquele cigarrinho e colocar na boca. Mas ele não dera somente dois passos, passara muito tempo treinando a não ter força de vontade, que é chamada também de domínio próprio e temperança.

Nós humanos agimos através de uma força que se chama vontade. Não somos como os irracionais que agem somente por instinto. Ao vermos um veneno sabemos que não podemos beber aquilo e então resolvemos não fazer isto. Mas quando a razão falha, por causa de desejos que temos, poderemos deixar a vontade seguir a voz do desejo e não da razão e aí é encrenca, na certa. Precisamos estar treinando a nossa vontade, enfrentando o que é tentador para nós e sabemos que não devemos. Este enfrentamento vai nos ajudar, nós vamos ficar treinados, para quando chegar um momento crítico como o de achar o pacotinho na festa, exista domínio em nós.

Assim um homem que teve tanta bênção jogou tudo fora num ato impensado em que não resistiu aos desejos de fazer algo errado.

“O avisado vê o mal e esconde-se; mas os simples passam e sofrem a pena.”[i]
[i] Provérbios 27:12

12 - Falta de Ensino Provoca Fome no Nordeste

Era uma vez no sertão nordestino uma fazendinha que fora abandonada pelos humanos, nas transumâncias da vida. Mas sobrou lá uma vaquinha e um bode.

A vaquinha perguntou ao bode, que era mais enxerido – e tinha aprendido a ouvir os humanos -, porque os homens foram embora. “Ora”, respondeu o bode, “eles diziam sempre que não havia comida para o bode e a vaca e assim não teriam mais bodinhos nem vaquinhas, nem leitinho e foram embora”.

Mas a vaca, muito experiente, disse:

-Eita, se eu soubesse falar com os humanos, iria dizer que numa outra fazenda davam os pés de mandacaru pra gente comer. Como é que eles não aproveitam tanto mandacaru?

-Botelho – então disse a vaca, chamando o nome do bode – vamos comer aquele mandacaru?

-Eita, Vacalha – responde o bode – tá cheio de espinhos. Eu vou é subir aquelas montanhas, gosto do desafio de novas fronteiras e talvez não morra de fome até lá.

Ao tentar subir umas pedreiras, o bode empurrou uma baita de uma pedra, que caiu em cima de outra. A caatinga estava tão seca que, da faísca que saiu das pedras pegou fogo no matinho e lá se foi queimando os pés de mandacaru.

O bode deu umas voltas e desistiu. Voltou e disse para Vacalha:

-Voltei para morrermos juntos...

Mas de repente olha para a vaca, está alegre, abanando o rabo e até sentara, pois a barriga estava para estourar de tanto estar cheia de comida.

Logo em seguida contou ao bode que o fogo queimara os espinhos dos pés de mandacaru; como eram muito molhados por natureza, não se queimaram por dentro; e então ela comeu até ficar tonta...

O bode deu um berro e começou a comer mandacaru.


“ O justo se informa da causa dos pobres, mas o ímpio nem sequer toma conhecimento.”[i]
[i] Provérbios 29:7

13 - Papai, Pega Um Corrupto Pra Mim?

Certo dia um menino ouviu seu pai contar sobre um quadro de programa de humor, de alguns anos atrás. O artista era Jô Soares. Ele dizia que tinha um “corrupto” dentro de uma gaiola. O menino era carinhosamente chamado de Leinho e disse para o pai:

--Papai, pega um corrupto pra mim?

O pai de Leinho explicou que corrupto eram os homens maus que existiam na política, dentre os governantes e os que faziam leis. Leinho disse ao papai que nunca queria ser político.

--Ah, não, não, Leinho. Existem políticos honestos, ou pelo menos esperamos que sim.


O tempo passou e Leinho cresceu mais. Agora estava bem maior. Havia estourado o caso do mensalão e do mensalinho, depois das sanguessugas, da venda do dossiê e assim por diante.

--Papai, o senhor lembra que eu disse que nunca seria político?

--Me lembro, Leinho, mas existem pessoas honestas. Todo mundo com certeza dá uma escorregada aqui e ali. Mas nem todos têm a intenção de viver cometendo crimes. Veja bem, Leinho, vou contar para você sobre os seis graus da criminalidade. Como já está rapazinho, creio que poderá entender:

Primeiro falemos do grau zero, que chamo de estado de latência. O bebê é egoísta e briga pelos brinquedos; mas ele, assim como alguém que é doente mental, não sabem o que fazem e apenas dão lugar a seus impulsos naturais.

-Ah, sei – disse Leinho – por isto tenho de aturar o Biinho.

-Isto mesmo; ele ainda é pequenino. Mas, continuemos:

Depois vem o primeiro grau, em minoria; geralmente é o homem idealista, humanista que pensa no bem do próximo; ou o religioso, ou ainda que freqüenta algum clube de bem estar social e assim por diante. Estas pessoas foram educadas moralmente e não apenas formalmente, quer dizer, nas escolas. Elas erram, mas desejam não errar, o tempo todo. Seus erros são mais de impulso, em certos momentos, mas com certeza estarão buscando um jeito para não errar mais naquele ponto, construindo uma proteção e assim por diante.

E sabe como estas pessoas se ajudam mais e mais? Elas vão desenvolvendo o domínio próprio, a força de vontade e vão treinando para serem cada vez melhores pessoas.

Mas tem as de segundo grau. São a maioria no mundo. São aquelas que vivem como as de primeiro grau, imitam em tudo, demonstram ser honestas, mas são apenas na aparência ou porque as circunstâncias não ajudam. Elas estão sempre erradas na intenção, pelo menos. Mas ninguém sabe disto, até o dia em que: BUM! Tudo se revela. Mas, infelizmente muitas nunca são descobertas.

Estas pessoas não são ainda os criminosos que chamamos de bandidos. Geralmente praticam pequenos crimes o tempo todo, como dar gorjetas quando não podem, comprar favores, avançar os sinais quando o guarda não está perto, mentir para vender algum objeto, colar na hora da prova e assim por diante. Os seus pais geralmente ensinaram isto a eles, não com as palavras, mas com as ações. Eles viam seus pais fazendo isto o tempo todo. É diferente dos do primeiro grau porque têm a intenção errada mesmo. Apenas se escondem. São lobinhos vestidinhos de ovelhas.

--Tá, tá, impacientou-se Leinho...

--Bem, os do terceiro grau são em menor número, mas são perigosos para a nação e para todos; as circunstâncias sempre estão a seu favor e são grandiosos e ocultos nos caminhos da corrupção. É o caso dos políticos da laia dos que receberam o mensalão; são empresários como PC Farias e Marcos Valério.

Os do quarto grau são bandidos profissionais, mas que se escondem socialmente, através do convívio falsamente saudável e podem estar trabalhando em qualquer lugar, desejam aparentar honestos, mas não conseguem deixar de praticar grandes crimes e a qualquer momento poderão ser desmascarados. Muitos são maus policiais, terroristas, assaltantes, estupradores, seqüestradores e participantes de verdadeiras quadrilhas de fraudadores, estelionatários e outros. No entanto se mantêm, enquanto podem, com a máscara da honestidade, possuem negócios que servem como lavadores do dinheiro sujo e assim por diante.

O restante, do quinto grau, são aqueles traficantes e tantos outros que não se escondem, a não ser geograficamente. Se moram em uma favela, por exemplo, lá é respeitado, todos sabem quem é. Além de estarem escondidos geograficamente, da polícia, estão protegidos pela cortina de medo, ninguém pode denunciá-los senão perderá a vida. Estes são homens e mulheres, mas também as crianças que já se assumem bandidas e portam armas livremente dentro dos seus domínios; são desde os pequenos até os grandes chefes. Estes bandidos do quarto e quinto grau, de certa forma, são frutos da realidade existente, que faz que a maioria dos brasileiros seja composta de criminosos de segundo e terceiro graus. Eles apenas foram mais longe.

--Sabe de uma coisa pai? – disse Leinho – eu serei um político um dia, mas serei do primeiro grau, já que não posso ser menos que isto!

--Sim, Leinho, mas se realmente você for do primeiro grau, estará sempre se esforçando para, a cada dia, ser melhor ainda. Vale a pena. Que Deus abençoe você, meu filho.

“Quem não evita as faltas pequenas, pouco a pouco cai nas grandes.”[i]
[i] Autor desconhecido